terça-feira, 14 de outubro de 2008

Conselho Alemão

REUNIÃO DOS CHANCELERES AMERICANOS

Rio de Janeiro, 24 de Janeiro de 1942

DEBATES SE ACIRRAM

O último dia de deliberações da III Reunião Dos Chanceleres Americanos foi marcado pela oposição sistemática entre as opiniões antagônicas das delegações do Chile e Argentina em relação às demais nações americanas, em especial, os EUA. Os ministros das duas nações mantiveram seu posicionamento irredutível quanto às alianças alimentadas com a Alemanha, mesmo após pressões agressivas pelo rompimento por parte das delegações norte-americana, boliviana e nicaragüense. O conflito se iniciou após publicação de notícia do JORNAL do BRASIL, segundo a qual teriam sido divulgados documentos comprobatórios do “repasse de vultuosos investimentos alemães em países latino-americanos”. Em resposta à reportagem, Chile e Argentina procederam a leitura de cartas alemãs que confirmaram a sua estreita relação econômica.
As cartas descreviam as facilidades de intercâmbio de armas e matérias-primas de primeira necessidade entre os países, além da proposta de investimento da quantia total de 50 milhões de dólares por parte da Alemanha nas economias do Chile e da Argentina, que declararam que somente aceitarão o negócio caso não sejam apresentadas melhores acordos pelos países americanos.
Países como Brasil, Uruguai, Peru e Venezuela divulgaram suas declarações oficiais de apoio incondicional à causa aliada e o rompimento imediato de toda e qualquer relação com os países do Eixo, reforçando as discussões acerca da agenda relativa à proteção do hemisfério ocidental.
Outro tópico discutido foi a solução do conflito entre Equador e Peru, que com a atuação mediadora do Brasil, produziram um tratado de paz que contou com a assinatura do Peru, Equador, Brasil, Argentina e Chile. O documento definiu que a região invadida pelas tropas peruanas ficará politicamente divida segundo a proporção de 40% para o Equador e 60% para o Peru, além da devolução da província de El Oro para o comando equatoriano. Foi firmado entre os países o compromisso de iniciativas diplomáticas na ocasião de outro conflito na região, antes que qualquer medida militar seja tomada.
A reunião contou ainda com a presença dos ministros brasileiros do Direito Internacional e da Defesa, que auxiliaram o andamento das discussões entre os ministros.
As resoluções da conferência estão contidas nos quatro documentos de trabalho redigidos ao longo das sessões e representam o comum acordo de cooperativismo interamericano.
Nos intervalos das sessões os delegados tiveram a oportunidade de interagir e se conhecer melhor , fomentando propostas de encontros informais após o encerramento das atividades da 9ª Mini-Onu e trocando mecanismos de intercomunicação. O sentimento de realização é comum às delegações e pessoalmente a nós, repórteres, que cobrimos nesses três dias o desenvolvimento dos trabalhos do Comitê dos Chanceleres Americanos. A experiência aqui adquirida gerará com certeza bons reflexos num futuro próximo e estenderá a nossa bagagem cultural individual.


Daniela Bicalho Godoy
Gabriela Gonçalves Terenzi